26 de setembro de 2007

DA "SÉRIE REPRISE"
Reencontrei esse texto que julgava perdido. Publiquei aqui mesmo a uns 2 anos atrás; resolví republicar, dando uma recauchutada, corrigindo os erros de digitação, fazendo uma ou outra adaptação aqui e acolá. Antes que me digam "ah, mas com o preço que está o sabão em pó?!!!!", já vou adiantando que se trata de uma metáfora, uma suposição; ou como diria o grande filósofo mexicano Chaves, "apenas um supositório".

ESPUMA ATÉ O TÉTO
Imagine o caro leitor que o local onde se encontra agora é uma caixa d'água.
Isso mesmo, esteja onde o ilustre leitor estiver, na sala, no quarto, na lanhouse; enfím, no local de onde lê este texto. Imagine que este local é uma grande caixa d'água.
Agora imagine esta caixa d'água com uns dois palmos de água. Dissolva uma caixa de sabão em pó de forma uniforme, por toda aextensão da caixa. Agora chacoalhe. Chacoalhe bem, com vontade, com raiva, comódio!!! Lembre-se o caro leitor de alguém que odeia e faça deconta que está estrangulando o dito cujo (não exagere para não quebrar a caixa e avacalhar de vez com o esquema todo).

Melhor ainda (ou pior, dependendo do ponto de vista) imagine logo um tremor de terra!!!
Em pouco tempo a caixa d'água estará cheia, correto? Com suacapacidade totalmente preenchida, com menos de dois palmos de águae espuma até o této.

Pois saiba o caro leitor que é mais ou menos isso o que ocorre nos mercados financeiros, com a política econômica do governo e mesmo com a filosofia de vida da maior parte de nossa sociedade civil. POUCA ÁGUA E ESPUMA ATÉ O TÉTO.

Imagine-se o caro leitor na seguinte situação:
Você vai à uma corretora de mercadorias credendiada na Bolsa de Mercadorias & Futuros e faz um contrato de compra de soja; 100 sacas de 60 kg´s., com vencimento e entrega para daqui à 6 meses. Você não tem pretensões de possuir a mercadoria, apenas lança-se no mercado para fazer lucro; em outras palavras, você é um ESPECULADOR. Digamos que o valor total do contrato seja de R$5.000,00. Porém, você apenas deposita uma Margem de Garantia novalor de R$ 1.200,00 e mais R$ 100,00 de taxas. Nas estatísticas da Bolsa são registrados os R$ 5.000,00 do valor do contrato. Depois de 3 meses, o valor do contrato chegou à R$ 6.000,00 e você resolve se desfazer do contrato, fazendo um simples contrato devenda do mesmo produto na mesma quantidade. Vc. lucrou R$ 1.000,00, pagou R$ 1.200,00 de margem e digamos R$ 200,00 de taxas.

O que rolou em grana de verdade foi R$ 2.400,00; porém, nas estatísticasda Bolsa de Mercadorias & Futuros figura um volume de 2 contratos, um no valor de R$ 5.000,00 e outro no valor de R$ 6.000,00; totalizando assim R$ 11.000,00. Dos quais apenas R$ 2.400,00 existem efetivamente, o restate não passa de "dinheiro virtual". No mundo inteiro, em todas as bolsas ao redor do globo, esta proporção chega à 3% do volume total de todas as transações em dinheiro real, de verdade. E os 97% restante? Dinheiro virtual, ou seja:

ESPUMA ATÉ O TÉTO!!!

A política econômica do governo é milimétricamente arquitetada para atender a esse modelo: as autoridades monetárias mantém as taxas de juros nas alturas para segurar o "capital especulativo volátil", o dinheiro que os especuladores estrangeiros "colocam" em nosso sistema finaceiro para colher os frutos de nossos generosos juros; muito desse "capital de motel" (como diria o Roberto Campos) é aplicado nos mercados futuros da BM&F, portanto é dinheiro virtual, ou seja:

ESPUMA ATÉ O TÉTO.

Entretanto, é essa espuma quem disfarça os déficits externos em nosso Balanço de Pagamentos; e, numa incrível manobra de "ficção contábil", o governo consegue transformar os déficis em superávtis, para alegria do FMI!!! É como se uma empresa pedisse um empréstimo em "dinheiro que não existe" para cobrir seus prejuízos e, assim, "fabricar" o seu lucro contábil. Porém, os juros pagos por esse "dinheiro virtual" são reias!!! É como pegar emprestada uma caixa d'água cheia de espuma e pagar com juros de um cópo de água por dia. Por um prazo alongado!!!

Isso sim é que é "bolha especulativa", ou melhor, "bolhas".

Entretanto, a maoria de nossa sociedade civil - em todas as classes sociais - não pode reclamar de tal modelo, pois age de forma muito parecida.

Vivemos excessivamente preocupados com "aparências", "imagem" e com "o que os outros vão pensar". Com isso, jogamos sabão em pó em nossas caixas d'água e sacudimos até fazer espuma.

ESPUMA ATÉ O TÉTO!!!

Todos queremos um Audi ou um BMW. Não importa que tenha sido adiquirido no leasing e que entremos todos os meses no cheque especial para encher o tanque. Todos querem morar em frente à praia, não importa que seja numa "kitsch" caindo aos pedaços. Adoramos telefones celulares; não importa que sejam pré-pagos e que passemos um ano inteiro pagando prestações que, se somadas, atingem o valor de 2 ou 3 aparelhos nóvinhos em folha.

E por aí vai.

Parafraseando o Língua de Trapo:
" Neguinho não tem o que comer, mas tem o forno de microondas!! Não
sabe ler, não sabe escrever, mas têm microcomputador!! Não tem um puto no bolso, mas tem o cartão magnético do banco!! Isso aí é miséria informatizada, gente!!!"
O negócio é manter a caixa cheia até o této, mesmo que seja de espuma. Assim vamos vivendo de ilusões e inflando nossos égos em bolhas especulativas tão letais quanto as do mercado financeiro.

Esquecemos sempre que, mais cedo ou mais tarde, a espuma abaixa e dissipa-se; revelando ao mundo o verdadeiro conteúdo de nossas caixas d'água.

E daí por diante não adianta colocar a culpa no Lula, muito menos no FMI.


Amanhã e sexta, vou participar da Expo Money em Sampa. É um evento sobre mercado financeiro, com participação de bancos, corretoras, bolsas (Bovespa e BM&F), órgãos reguladores de mercado e imprensa especializada. É bom para aprender, aprimorar-me e ficar um pouco mais à par das novidades do mercado. Já participei ano passado e foi muito legal. Voltei carregado de papel...


Sexta a noite é prá cair na estrada!! Viajo prá Jaraguá do Sul-SC. Vou ver minha Princesa, conhecer sua família e prestar o concurso para a Prefeitura de Scheroder, município vizinho à Jaraguá. Vai ser bom passar uns dias longe!!!


19 de setembro de 2007



Hei! Senhor Tocador de Tamborim, toque uma canção para mim,
Não estou dormindo, e não há lugar onde eu possa ir.
Hei! Senhor Tocador de Tamborim, toque uma canção para mim,
Na aguda manhã desafinada eu o seguirei.

Embora eu saiba que todo império retornou ao pó,
Varrido de minha mão,
Deixando-me cegamente aqui parado, mas ainda não dormindo.

Meu cansaço me espanta, estou plantado por meus pés,
Não tenho quem encontrar,
E a velha rua vazia está muito morta para sonhar.

Hei! Senhor Tocador de Tamborim, toque uma canção para mim,
Não estou dormindo, e não há lugar onde eu possa ir.
Hei! Senhor Tocador de Tamborim, toque uma canção para mim,
Na aguda manhã desafinada eu o seguirei.

Leve-me a uma viagem em sua mágica nave ressoante,
Meus sentidos foram arrancados, minhas mãos não podem segurar,
Meus pés estão muito dormentes para pisar, esperando apenas minhas botas
Para perambular.Estou pronto para ir a qualquer lugar, estou pronto para desaparecer

Em minha própria parada, moldando sua dança a meu caminho,
Eu prometo segui-la.
Hei! Senhor Tocador de Tamborim, toque uma canção para mim,
Não estou dormindo, e não há lugar onde eu possa ir.
Hei! Senhor Tocador de Tamborim, toque uma canção para mim,
Na aguda manhã desafinada eu o seguirei.

Embora você possa ouvir-me rindo, girando, dançando loucamente através do sol.
Não está vendo ninguém, está só fugindo correndo,
Pois no céu não há cercas revestidas.

E se você ouvir traços vagos de rimas enroladas
Para o seu tamborim no momento, é apenas um rude palhaço atrás,
Eu não lhe pagaria mente alguma, é apenas a sua sombra,
Visto que está lhe perseguindo.

Hei! Senhor Tocador de Tamborim, toque uma canção para mim,
Não estou dormindo, e não há lugar onde eu possa ir.
Hei! Senhor Tocador de Tamborim, toque uma canção para mim,
Na aguda manhã desafinada eu o seguirei.

Então me faça desaparecer através dos anéis de fogo de minha mente,
Abaixo das ruínas nebulosas do tempo, passando ao longe das folhas congeladas,
O assombro, árvores assustadoras, para fora da praia ventosa,
Longe do alcance distorcido da tristeza insana.
Sim, para dançar sob o céu de diamantes com uma mão acenando livremente,
Em silhueta para o mar, circulado por areias circulares,
Com toda a memória e destino navegando profundamente abaixo das ondas,
Deixe-me esquecer do hoje até amanhã.

Hei! Senhor Tocador de Tamborim, toque uma canção para mim,
Não estou dormindo, e não há lugar onde eu possa ir.
Hei! Senhor Tocador de Tamborim, toque uma canção para mim,
Na aguda manhã desafinada eu o seguirei.

Bob Dylan
Genial essa música. Não conheço a versão original do Dylan; conheço a versão dos Byrds - já falei muito deles aqui - mais cadenciada, em rítimo de balada, o original tem uma levada mais country (nunca ouví, mas em um especial do Multishow, o próprio guitarrista dos Byrds tocou o trecho da original, e depois comparou com a versão deles). O que tem essa letra a ver comigo ou com meu momento atual? Nada!! Apenas gosto dela, acordei com ela na cabeça hoje. Bem anos 60, né? Bom, pelo menos imagino que seja, como não viví aquela época...
MUDANDO DE ASSUNTO

Esse é famoso VLT, Veículo Leve sobre Trilhos; muito comum na Europa. Aqui em Santos há um projeto para a construção de um sistema destes servido toda a Baixada Santista; aproveitando a linha férrea da antiga Fepasa, que vai do porto de Santos até Peruíbe. Na verdade a linha vai até o Vale do Ribeira; mas o VLT iria só até Peruíbe. Como tudo que depende do poder público nesse país, o projeto tá engavetado. Bom, ví essa foto no Google, lembrei do projeto a ser implantado na Baixada. Antes de atingir meu centenário, a obra sai.

COMENTÁRIO SOBRE O POST ANTERIOR

Esse mercado de trabalho não é bolinho não!!! Ontém mesmo fiquei mal com minha situação profissional (ou a falta de uma); tive uma conversa esclarecedora com minha Rainha, que deu-me uns merecidos puxões de orelha!!! Até aprendí finalmente como se faz um currículo, pois notei ontém que não sabia!!! Essa mulher é demais!!!!

Bom, agora é botar a mão na massa. Mas eu não ia virar autônomo? E o meu projeto. Bom, tenho muito o que me aprimorar ainda. No momento, preciso sobreviver!!! Seja na minha área ou fora dela. O que dá dinheiro nesse país? Honestamente, claro!!!

Formei-me em Economia, nunca tive a oportunidade de exercer. Ano passado fiz uns cursos na área de webdesign (até por conta do projeto); mas parece que este mercado está saturado. Também conheço Contabilidade, alguma coisa de design gráfico. O problema deve ser este. Não tenho especialização. Sou um "especialista em assuntos gerais".

Sei que ninguém é ninguém, mas sou muito diferente da maioria das pessoas!!! O desafio é utilizar essa diferença ao meu favor; transformá-la em uma vantagem competitiva!!!

9 de setembro de 2007


Feriadão sem muita atividades e sem novidades. Saudades da minha Frô...
Segue um texto interessantíssimo que recebí por e-mail:
Max Gehringer* - Colunista da Revista EXAME e VOCÊ S/A.
Vi um anúncio de emprego.
A vaga era de gestor de atendimento interno, nome que agora se dá à seção de serviços gerais. E a empresa contratante exigia que os eventuais interessados possuíssem sem contar a formação superior, liderança, criatividade, energia, ambição, conhecimentos de informática, fluência em inglês e não bastasse tudo isso, ainda fossem hands on. Para o felizardo que conseguisse convencer o entrevistador de que possuía mesmo essa variada gama de habilidades, o salário era um assombro: 800reais. Ou seja, um pitico.
Não que esse fosse algum exemplo absolutamente fora da realidade. Pelo contrário, ele é quase o paradigma dos anúncios de emprego atuais. A abundância de candidatos está permitindo que as empresas levantem, cada vez mais, a altura da barra que o postulante terá de saltar para ser admitido. E muitos, de fato, saltam. E se empolgam. E aí vêm as agruras da superqualificação, que é uma espécie do lado avesso do efeito pitico...
Vamos supor que, após uma duríssima competição com outros Candidatos tão bem preparados quanto ela, a Fabiana conseguisse ser admitida como gestora de atendimento interno... E um de seus primeiros clientes foi o seu Borges, gerente da contabilidade.
- Fabiana, eu quero três cópias deste relatório.
- In a hurry!
- Saúde.
- Não, isso quer dizer "bem rapidinho". É que eu tenho fluência em inglês. Aliás, desculpe perguntar, mas por que a empresa exige fluência em inglês se aqui só se fala português?
- E eu sei lá? Dá para você tirar logo as cópias?
- O senhor não prefere que eu digitalize o relatório? Porque eu tenho profundos conhecimentos de informática.
- Não, não.. Cópias normais mesmo.
- Certo. Mas eu não poderia deixar de mencionar minha criatividade. Eu já comecei a desenvolver um projeto pessoal visando eliminar 30% das cópias que tiramos.
- Fabiana, desse jeito não vai dar!
- E eu não sei? Preciso urgentemente de uma auxiliar.
- Como assim?
- É que eu sou líder, e não tenho ninguém para liderar. E considero isso um desperdício do meu potencial energético.
- Olha, neste momento, eu só preciso das três có...
- Com certeza. Mas antes vamos discutir meu futuro...
- Futuro? Que futuro?
- É que eu sou ambiciosa. Já faz dois dias que eu estou aqui e ainda não aconteceu nada.
- Fabiana, eu estou aqui há 18 anos e também não me aconteceu nada!
- Sei. Mas o senhor é hands on?
- Hã?
- Hands on. Mão na massa.
- Claro que sou!
- Então o senhor mesmo tira as cópias. E agora com licença que eu vou sair por aí explorando minhas potencialidades. Foi o que me prometeram quando eu fui contratada.

Então, o mercado de trabalho está ficando dividido em duas facções:
1 - Uma, cada vez maior, é a dos que não conseguem boas vagas porque não têm as qualificações requeridas.
2 - E o outro grupo, pequeno, mas crescente, é o dos que são admitidos porque possuem todas as competências exigidas nos anúncios, mas não poderão usar nem metade delas, porque, no fundo, a função não precisava delas.
Alguém ponderará - com justa razão - que a empresa está de olho no longo prazo: sendo portador de tantos talentos, o funcionário poderá ir sendo preparado para assumir responsabilidades cada vez maiores.
Em uma empresa em que trabalhei, nós caímos nessa armadilha. Admitimos um montão de gente superqualificada. E as conversas ficaram de tão alto nível que um visitante desavisado que chegasse de repente confundiria nossa salinha do café com o auditório da Fundação Alfred Nobel.
Pessoas superqualificadas não resolvem simples problemas!Um dia um grupo de marketing e finanças foi visitar uma de nossas fábricas e no meio da estrada, a van da empresa pifou. Como isso foi antes do advento do milagre do celular, o jeito era confiar no especialista, o Cleto, motorista da van. E aí todos descobriram que o Cleto falava inglês, tinha noções de informática e possuía energia e criatividade. Sem mencionar que estava fazendo pós-graduação. Só que não sabia nem abrir o capô. Duas horas depois, quando o pessoal ainda estava tentando destrinchar o manual do proprietário, passou um sujeito de bicicleta. Para horror de todos, ele falava "nóis vai" e coisas do gênero. Mas, em 2 minutos, para espanto geral, botou a van para funcionar. Deram-lhe uns trocados, e ele foi embora feliz da vida. Aquele ciclista anônimo era o protótipo do funcionário para quem as empresas modernas torcem o nariz: O que é capaz de resolver, mas não de impressionar.
* Executivo de grandes empresas durante 33 anos, Max Gehringer ocupou cargos como Superintendente Industrial da Peixe, Diretor Industrial e Diretor de Vendas e Novos Negócios da Elma Chips, Presidente da Pepsi-Cola Engarrafadora e nos Estados Unidos como Diretor Manufactoring System pela PepsiCo Foods International USA. É especialista em Marketing e Consultor de Empresas, tendo formação acadêmica em Economia com pós-graduação pela Fundação Getúlio Vargas e Mestrados e Doutorado na PUC RJ, Harvard e Cambridge. Em janeiro de 1999 foi escolhido, em pesquisa do jornal Gazeta Mercantil, como um dos "30 Executivos Mais Cobiçados do Mercado". Foi um dos cinco finalistas do prêmio Top of Mind em 2005 e 2006 na categoria "Palestrante".