1977

Eu não lembro. Tinha pouco mais de 5 anos. Minhas memórias futebolísticas começam com algumas vagas lembranças da Copa do Mundo de 78, realizada alguns meses depois (o Campenonato Brasileiro de 77 foi decidido início de 78)

Por isso, colo aqui um texto extraído do site oficial do clube:

O São Paulo ganhou seu primeiro campeonato brasileiro no Mineirão, diante do Atlético e de mais de 100 mil mineiros, que fizeram, naquele dia, o maior silêncio da história do grande estádio. Depois de um 0 a 0 nos 90 minutos e na prorrogação, o título foi disputado nos pênaltis. Faltavam três cobranças para cada time e o Atlético vencia por 2 a 0. Aí o Tricolor “virou” a série, acertando as três últimas cobranças enquanto o Galo errou duas.

O volante Chicão, mesmo perdendo um pênalti (escorregou na hora da batida) saiu como herói desse jogo, especialmente por causa de um lance que deu muita polêmica: chutou o pé do atleticano Ângelo, instando-o a se levantar e deixar de fazer cera. Ângelo, entretanto, havia sofrido uma contusão grave os “inimigos” tentaram condenar o volante são-paulino impondo-lhe a pecha de carrasco, que nunca foi aceita por nossa torcida. Raçudo, sim carrasco, não! – mesmo porque naquela altura da prorrogação o Atlético todo estava fazendo cera.

O técnico tricolor era Rubens Minelli (o mesmo que ocupou em 99 o cargo de coordenador do futebol). Ele conquistou ali o seu tricampeonato brasileiro. Havia sido bicampeão com o Inter de Porto Alegre em 1975/1976. Ao ser contratado, Minelli fora encarregado de reestruturar o elenco, que em 1976 não ganhara nada e que em 1977 não conseguira, frente ao Corinthians, o empate que colocaria o São Paulo na final do Paulista, contra a Ponte Preta. Os adversários, de gozação, diziam que o técnico havia trocado a MacLaren pelo Cooperçúcar, numa alusão ao piloto Émersom Fittipaldi, campeão da Fórmula-1 com a MacLaren. Ele, não ganhava mais nada com a equipe que montou, patrocinada pela Cooperçúcar.

Minelli reformulou mesmo o elenco tricolor. Do time campeão paulista de 75, só participaram da final do Brasileiro de 77 o goleiro Valdir Perez, os volantes Chicão e Teodoro e o centroavante Mirandinha, que voltava a jogar depois de mais de três anos em recuperação de uma fratura na perna. O centroavante titular, Serginho, não pôde jogar a final porque estava suspenso. Antes do jogo, o presidente Henri Aidar afirmava a todas as emissoras que Serginho iria atuar porque o São Paulo havia conseguido uma liminar suspendendo a pena. Ele viajou a Belo Horizonte e até foi visto com uniforme de jogo. A “guerra de nervos” também funcionou.

O São Paulo começou a série de cinco pênaltis com Getúlio, que errou. O Atlético também errou, com Toninho Cerezo. O São Paulo errou o segundo, com Chicão, enquanto Ziza fez 1 a 0 para o Atlético. Peres marcou o primeiro gol são-paulino na terceira cobrança, mas Alves também marcou para o Atlético. Faltavam dois pênaltis para cada time. Para vencer, o São Paulo teria que acertar os dois e o Atlético tinha de errá-los. Bezerra acertou, Joãozinho Paulista errou. Ou melhor, Valdir Perez defendeu; Antenor acertou, Márcio erro, chutou fora. O impossível (o Atlético errar os dois últimos pênaltis) aconteceu. E o São Paulo, a certando as duas últimas cobranças, foi campeão.




1986

Após uma brilhante campanha, o time de Gilmar, Daryo Pereira, Pita, Müller, Careca & Cia. chegava a final contra o competente e não menos brilhante Guarani de Ricardo Rocha, Tite, Evair e João Paulo. Qualquer que fosse o vencedor, o título estaria em boas mãos. Primeiro jogo no Morumbí, empate. Lembro que o tricolor botou muitas bolas na trave. No jogo de volta em Campinas, uma das finais mais emocionantes de todos os tempos. Empate no tempo norma, e prorrogação. O Bugre vencia a prorrogação e levava o caneco, quando Careca marcou no finalzinho, levando a decisão para os pênaltis. Como, todos sabem, o Tricolor levou a melhor; coroando um trabalho iniciado por Cilinho em 1984, consolidado com o título Paulista de 85, consagrado com o Brasileiro de 86. Porém, a sonhada conquista da América e do Mundo teria de esperar um pouco mais...



1991

O Tricolor estava com a credibilidade um pouco abalada. Após perder o título Brasileiro de 1989 para o Vasco, no ano seguinte o SPFC fez uma campanha pífia no Campeonato Paulista, que o obrigou à disputar por um grupo mais fraco no ano seguinte (o que até hoje faz nossos adversários jurarem de pés juntos que "o São Paulo já foi rebaixado no Campeonato Paulista"). O Tricolor vinha fazendo uma campanha fraca no Brasileiro de 1990 quando o Mestre Telê Santana foi contratado para por a locomotiva nos trilhos. Chegamos às finais contra o Corinthians de Ronaldo e Neto. Apesar de ter mais time, o SPFC acabou sucumbindo perante o clube da Marginal Tietê S/N, que conquistava alí seu primeiro título Brasileiro. Em 1991, após boa campanha, o São Paulo chegou a sua 3ª final seguida. Os torcedores adversários, óbviamente, não perderam a oportunidade de fazerem as mais diversas piadinhas inúteis com o tema "Tri-Vice". O adversário na final seria o surpreendente Bragantino (campeão paulista um ano antes, o que não o tornaria tão "surpreendente assim"). Dessa vez, porém, o Tricolor não deixou escapar. Uma vitória no jogo de ida no Morumbí por um magro 1 X 0 (aquele antológico gol de Mário Tilico) e um empate sem gols no jogo de volta em Bragança Paulista garantiram finalmente o Tricampeonato e abriu caminho para as conquistas internacionais a partir do ano seguinte.



2006

Após a frustração pela perda da Taça Libertadores para o Internacional (que seria o nosso Tetracampeonato), muita gente afirmava que o São Paulo entraria em parafuso. Ledo engano. A equipe de Muricy Ramalho mostrou dentro de campo que ainda não só estava viva como era uma das melhores, se não a melhor, do país. O título acabou soando para alguns como uma espécie de "prêmio de consolação"; porém foi incontestavel a competência da Comissão Técnica e dos jogadores; justamente premiada com o Tetracampeonato Nacional, o primeiro após uma fila de 15 anos na competição nacional.



2007

Novamente com a credibilidade abalada pela vexaminosa eliminação para o São Caetano no Campeonato Paulista, e pela bobeada diante do Grêmio na Libertadores (dessa vez, nas 8ª's de final); mais uma vez, o Tricolor apostou suas fichas no Campeonato Brasileiro. Com os adversários visivelmente mais fracos, o São Paulo não encontrou grandes barreiras para garantir o título precocemente.



2008

Após um primeiro semestre desastroso, com a contratação de Adriano (e o time todo tendo que jogar em função deste) que foi um grande fiasco; eliminações no Paulista diante do Palmeiras na semifinal e na Libertadores diante do Fluminense nas 4ª's de final e um mal começo no Brasileiro, aos poucos Muricy Ramalho foi pondo seus comandados no eixo. Sem dúvida, foi o Campeonato Brasileiro mais equilibrido desde a implantação dos pontos corridos, tendo alternância de Grêmio, Cruzeiro, Palmeiras e Flamengo na liderança ao longo do certame. Após passar a maior parte do Campeonato correndo por fora e com dificuldades para entrar no G4, faltando pouco mais de um mês para terminar o torneio, o São Paulo assumia a liderança ao bater o Internacional por 3 x 0 no Morumbí. Uma façanha, levando em consideração que o Tricolor passou as primeiras rodadas próximo a Zona do Rebaixamento (chegando a ocupar esta por uma ou duas rodadas) e foi galgando posições até aproximar-se dos líderes, chegando a ficar 11 pontos do 1º colocado. Ao fazer sua parte conquistando ponto a ponto, e com as bobeadas dos adversários diretos, São Paulo atingiu o topo da tabela e de lá não saiu mais. Na penúltima rodada diante do sempre perigoso Fluminense no Morumbi, a euforia da torcida já era grande. Uma simples vitória garantia de vez o 3º título brasileiro consecutivo e o inédito Hexacampeonato Brasileiro. Jogando mal, o Tricolor não passou de um empate, sofrido. O título foi adiado para a rodada seguinte. Algumas denuncias de suposto favorecimento a arbitragem na vépera do derrdeiro jogo diante do Goiás, em Brasília poderiam desestabilizar o grupo. Não foi o que ocorreu. O São Paulo bateu o Goiás por 1x0.

Com um gol impedido de Borges. Se o gol fosse anulado, o placar de 0 x 0 também daria o título ao São Paulo.

Bom, muito pano prá manga ainda está por rolar devido à este rolo dos envelopes, ingressos para o show da Madonna e etc. O ideal seria investigar isso tudo, e caso o São Paulo tenha realmente alguma culpa no cartório, deve ser punido.

Dentro de campo, não há o que discutir. Muricy Ramalho tirou leite de pedra. Conseguiu fazer um time que ninguém dava um tostão jogar futebol. Não o futebol arte, o futebol espetáculo que todos gostam de ver. Mas um futebol competitivo, bom o suficiente para superar uma diferença de 11 pontos e chegar a um título, até 1 mês atrás, considerado impossível. Se os ex-líderes não tivessem bobeado, não estaríamos comemorando. Isso é um problema deles. O nosso era fazer o time jogar, chegar no G4, conquistar uma vaga na Libertadores e, caso merecesse, chegar ao título.

Neste Campeonato Brasileiro de 2008, o São Paulo F.C. foi capaz de resolver seus problemas. O resto é choro.