24 de julho de 2005

BELO TEXTO EXTRA�DO (DIGO, CHUPADO DESCARADAMENTE) DE OUTRO BLOG (BOKAS LOKAS)

MINHA ETERNA JUVENTUDE

A turma da escola se achou no orkut e planeja um reencontro.
E na iminência desse evento eu me pergunto: o que aconteceu conosco?
Eu olho para nós e vejo que muitos desistiram, e se acomodaram. As meninas não pensam mais em encurtar as saias, e deixam os cabelos crescerem, chapados. Os meninos desistiram das bandas, cortaram seus longos cabelos, e agora preferem ajeitá-los com gel. Ninguém mais quer fazer tatoo porque tem medo de não passar no exame médico admissional. Todos parecem recém saídos do programa “O Aprendiz� e tem um vocabulário recheado de palavras como: pró-atividade, potencial, feed back, planejamento e liderança. Todos arrumando empregos que suprem as necessidades e não os sonhos. Todo mundo descontraído com aquela cara de bem sucedido, parecem ter saído da mesma fôrma, onde não se pode enxergar aquela centelha de vida que nos unia na ânsia de viver muito, de viver rápido, de viver tudo e fazer coisas, criar, escrever, tocar, beijar, viver intensamente.Eu me incluo no grupo. Faço tudo à minha maneira, sempre me adaptando à sociedade. Disse adeus à ficção e parti pra tal realidade.
É triste ver-nos tão perto, e tão longe.
Eles estão vivendo suas vidas, talvez estejam felizes, talvez eles tenham se acalmado e cansado das surras da vida, mas só me parece que eles cansaram de tentar. Como eu. Cansaram do furacão e querem uma casinha arrumadinha, uma cama quentinha, um pouco do status que o mundo vende. Há muito pouco em comum entre nós. As perguntas variam entre “o que fez da vida� até silêncios constrangedores, tudo porque não sabemos o que dizer. Tenho vontade de dizer: “mas por que você está fazendo isso, por que parou de tocar, de escrever, de estudar, por que não tenta, por que não arruma outra banda, por que, por que, por quê?�, como se quisesse que me perguntassem o mesmo. Não quero criticar a escolha de ninguém, nem desestabilizar a vida de ninguém, mas ao mesmo tempo tenho uma incontrolável vontade de chacoalhar todo mundo e dizer: “EI, EI, O QUE ACONTECEU?�
Quero que eles façam o mesmo comigo, que me peguem pelo braço e digam: “Acorda, vamos deixar de imediatismo, vamos revolucionar o mundo com as nossas idéias, revolucionar as nossas vidas�.“Decidi� que a minha vida seria do meu jeito, mas as coisas não se saíram como eu esperava. Carrego um peso nas costas, o peso dos sonhos abandonados no meio, o peso da frustração, o peso da vida que deixei pra trás porque quis, porque escolhi não viver mais intensamente. Esqueci do tempo que fiquei feliz e orgulhosa das minhas escolhas, porque sabia o que queria e fui atrás. Sabe, quando você sabe o que quer e vai atrás, não existe nada no mundo que possa te segurar. Pode parecer impossível, pode parecer um absurdo aos olhos dos outros, um grande risco, uma coisa incerta, mas e dái? Você vai lá e faz, e dá certo, e todos acham que você tem muita sorte.
Mas não é sorte. É instinto.
Outras vezes dá errado e todos criticam, mas você tentou e bem que podia ter dado certo! Mas isso ficou perdido no tempo, e eu nem me lembro mais.Não gostaria que fôssemos iguais mas sei que se todos seguissem seus instintos, o mundo seria um lugar melhor de se viver. Talvez fôssemos mais felizes e menos frustrados. Mas a vida não é como queremos. A vida é incerta e repleta de obstáculos. Mesmo assim, prefiro dizer que ela vale a pena. Por ela valem todos os riscos. Só precisamos tomar mais coragem pra enfrentá-la de peito aberto e fazer desta ânsia uma realidade: seguir os instintos até o fim dos nossos dias.
Didi Sandrini é uma paulista xereta, curiosa e prolixa que também escreve no seu blog pessoal Mimpormimmesm@

0 Comments: