15 de agosto de 2007

PRÓXIMA SEXTA, 17/08, TEM!!!


Venha para Santos voltar a ser criança na festa indie Popscene
por Julio Ibelli

Hector Lima discotecava quando chamou a atenção dos presentes ao colocar uma máscara cirúrgica sobre o rosto. O símbolo pirata estampado sobre a camiseta vermelha que ele vestia completava sua homenagem à pneumonia asiática. Uma homenagem à ferocidade com que a do ença se espalhou ou ao fato do vírus estar sendo domado, hein, Hector? "Não sei. Sempre quis me vestir de médico. Agora sim tem um motivo".

Um falso médico vestido de uma maneira um tanto quanto mórbida e garotas com vestidos mais apropriados às ruas de Tóquio. Muitos Adidas, tênis, calças e agasalhos e quase nenhuma camiseta da Cavallera, depois de tal artigo ter virado item disputadíssimo nos camelôs. Franjas, óculos de aro grosso e um careca com uma regata do Dead Kennedys.
Não é baile de carnaval, um club de Nova York ou a Funhouse em São Paulo. É um lugar meio inóspito para os blogueiros (diga-se intelectuais do novo milênio), universitários e profissionais liberais descolados se reunirem para ouvir o novo rock que se faz em Manhattan ou em qualquer outra parte do mundo, interpretar o seu próprio air-guitar ou dançar feito um robozinho quando uma batida eletrônica tocar entre guitarras no meio da música.
É o ensolarado litoral paulista, infestado de surfistas e infectado por baladas de "dance comercial", as infames tecneiras. Mais exatamente, estamos no Retrô Bar & Lounge, uma das casas noturnas de maior bom gosto da cidade, localizada bem no meio do embasbacante visual que é o centro restaurado de Santos. A agitação dos freqüentadores a cada hit tocado faz balançar o piso de assoalho da pista de dança no terceiro andar. O visual da casa é formado por espelhos redondos e quadros hentai bem comportados pendurados na parede, sofás confortáveis de diferentes tamanhos, formas e cores no segundo andar, com a arquitetura do século retrasado, ou quem sabe de bem antes, fechando com chave de ouro.

É para onde retorna a heróica festa Popscene, depois de ter sido banida do Retrô quando um notívago mais exaltado resolveu botar pra quebrar, literalmente, fazendo um estrago no banheiro masculino. Depois dessa, foi a vez de experimentar um blecaute quando a festa foi transferida para outro local. Um CD riscado bem na hora do sucesso "Hate To Say I Told You So", do Hives, é peixe pequeno perto do que já passou a anfitriã da Popscene, a conhecida jornalista e organizadora de eventos, namorada do Hector citado no início do texto, Flávia Durante.

Pergunto logo de cara aos dois qual a fórmula mágica para trazer a festa de volta ao Retrô. Hector diz que foi o Santo Expedito, o das causas impossíveis, cuja imagem até foi postada no site oficial da Popscene quando a notícia do retorno foi confirmada. O renascimento da festa é atribuído até a um vudu. Flávia explica que após o pequeno incidente da depredação, teve que ceder a algumas exigências do dono da casa para selecionar o público, como aumentar o preço da entrada e permitir um número maior de seguranças circulando.
Se essa seleção de público deu certo, é uma incógnita. O lugar parecia mais cheio do que nas outras edições da festa. E enquanto eu conversava com a Flávia, um garçom passou por nós perguntando se ela tinha gravado o CD que ele havia pedido. "Ele gosta daquela música do Pizzicato Five", explica Durante.

Aliás, é a música o grande atrativo. Trata-se da única festa com temática indie da Baixada Santista. Têm presença constante os Strokes, Vines, White Stripes e outros "The" da vida. "Dope Show", do Marilyn Manson; "Celebrity Skin", do Hole; "No One Knows", do Queens Of The Stone Age; e "She Said", do John Spencer Blues Explosion, são alguns dos exemplos de músicas estratégicas que incendeiam a pista. Mas não fica só nisso: o setlist vai de "Fingi Na Hora Rir", dos Los Hermanos, até a parceria recente do Blur com Norman Cook do Fatboy Slim, em "Crazy Beat". Prodigy, t.A.T.u., Hot Hot Heat, Yeah Yeah Yeahs - a lista de bons sons é enorme.

A festa do último dia 14 contou ainda com lançamento da grife de bolsas femininas Dama das Camélias e da de acessórios On Fire, além de sorteio de CDs e camisetas, cortesia da loja especializada paulistana London Calling. A idéia a partir de agora é regular a periodicidade da Popscene, tornando-a mensal e sem mais contratempos. A busca por famosos para ficar atrás da mesa de discotecagem também vai ser uma constante. Colunáveis como Lúcio Ribeiro já tiveram a oportunidade de descer a serra para tocar ao lado dos habitués Hector, Flávia, Bruno Sosa e Thiago Baraldi, esse último, responsável pelo design dos flyers da Popscene.

Mas Santos não é Manchester, aquela onde a festa nunca termina, apesar de uma dúzia de gatos pingados não terem entendido o recado mandado pelas pick-ups por Hector: aquela típica seqüência bota-fora, fim de noite, com direito até a uma canjinha dos Smiths. Crianças. Sempre querendo mais. Mais gritos ensandecidos deste que vos escreve quando "Seven Nation Army" dos Stripes começa a tocar, mais encenação com os versos de "Keep Fishin'", do Weezer, servindo de diálogo, mais sátiras como aquela feita em cima da música da Xuxa, Brincar de Indie (ao invés de Brincar de Índio), que você já deve ter visto no blog de algum caiçara por aí.


Publicado no Site "Rabisco" (www.rabisco.com.br) em 22 de junho de 2003.

3 Comments:

Anônimo said...

Ivanhoé,



A Vida tem que ser uma Festa!


Se não for, tem algo errado...


Abraços, flores, estrelas..



.

Anônimo said...

Isso aí Doug! Dedique-se aos seus projetos e quando for lançar o livro me chama ;) Bjus!

Ivan Da Luz said...

Eu, que moro em São Vicente, nem tô sabendo disso.

E gosto de algumas bandas citadas.



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